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A língua portuguesa será celebrada mundialmente a cada 5 de maio

Dia da Lingua Portuguesa - 5 de maio

Alentada há muito pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua de Portugal, a proposta de celebração do dia mundial do idioma que é a última flor do Lácio foi aprovada pela UNESCO, ainda que não seja uma das línguas oficiais desta organização. A proposta, após sua recente aprovação pelo conselho executivo, será ratificada na conferência geral da UNESCO, em novembro.

Além de pelos países lusófonos, a proposta do 5 maio como dia mundial do idioma foi apoiada, dentre outras nações, pelos vizinhos do Brasil, Argentina e Uruguai, e, ainda, no continente sul-americano, pelo Chile. Na justificativa da proposta, constava que o idioma é o mais falado no hemisfério sul e foi a língua da primeira leva de globalização (o período das Grandes Navegações), deixando palavras e marcas pelo mundo.

Com sua organização sob a batuta dos países que têm o português como língua oficial, o Dia da Língua Portuguesa será oficialmente “inaugurado” em 2020, na sede da UNESCO, em Paris, com uma programação que envolverá shows musicais, eventos literários, exposições e representações culturais, e se estenderá por uma quinzena, de 5 a 20 de maio.

A distinção gera impacto com visibilidade internacional para o idioma e poderá significar um importante passo para que se torne uma das línguas de trabalho na ONU, somando-se ao inglês, francês, chinês, espanhol, árabe e russo.

A Bahia tem um jeito também no falar: o baianês

Baianês

As naus portuguesas que vieram “descobrir” o Brasil tiveram o seu primeiro porto seguro na Bahia. Ali a colonização do país deu os seus passos iniciais. O Brasil começou, mesmo, pela Bahia. É um microcosmo do país, refletindo muito da mescla racial, cultural e linguística, com uma feição única. Para exemplificar a pungência e cadência do idioma local, vale escutar, para que fiquemos com dois ícones do cancioneiro popular, Dorival Caymmi e Caetano Veloso.

O jeito próprio de falar da gente principalmente da capital desse estado deu ensejo ao “Dicionário de Baianês”, com primeira edição publicada em 1991, compilado pelo escritor Nivaldo Lariú.

É claro que sem a menor preocupação linguístico-acadêmica, Lariú vem organizando a obra com o intuito de registrar e difundir um idioleto que, em certos contextos da vida social ‘soteropolitana’ (isto é, a capital do estado, Salvador), dá toda a dimensão da vitalidade e particularismos da visão de mundo de sua gente.

As palavras e expressões por ele recolhidas surgem, quase sempre, das festas de largo (festas nos espaços públicos), que culminam no Carnaval, a par de situações do dia-a-dia de uma cidade sui generis. A maioria teria origem na ‘Cidade Baixa’ (Salvador comporta, dada a sua geologia, uma parte alta e outra baixa). Por uma questão sociológica nítida para quem vive ou visita com frequência a dita Cidade da Bahia, a parte baixa não anda vertiginosamente em direção à modernização urbana como sucede com a ‘Cidade Alta’. Ali há espaço para um tempo que flui mais manso, propício à chamada “conversa fiada” (descontraída, despretensiosa, livre de toda a correria das metrópoles), feita de encontros nas ruas, na porta das casas, que ainda sucede rotineiramente. As preciosidades vocabulares e as expressões que se convertem em gírias florescem ano a ano. Basta passar um Carnaval na Bahia e voltar em outro ano para dar-se conta.

Fiquemos aqui com alguns exemplos:

ABESTALHADO/BESTALHADO (bobo)

ABILOLADO (maluco, abobalhado)

AGONIADO (aflito)

ALUADO (distraído, desligado, “de lua”)

APOQUENTADO (nervoso, irritado)

ARMENGUE (algo feito de improviso, pessoa ou coisa feia)

ARRASTAR ASA (se interessar sexual e amorosamente por alguém)

BANDA VOOU (pessoa frívola)

BATER A CAÇULETA (morrer)

BOTAR GOSTO RUIM (atrapalhar, perturbar, colocar defeito)

CACARECOS (coisas sem valor)

CARNE-DE-FUMEIRO (carne de porco defumada)

CHEIO DE NOVE-HORAS (complicado, enrolado)

COMER ÁGUA (tomar bebida alcóolica)

DAR ESPETO (sair, por exemplo, de um restaurante sem pagar a conta)

DAR TESTA (enfrentar)

DAR UM AMASSO (“paquerinha”, entrar em contato físico com alguém sem pretensão de estabelecer relacionamento amoroso ou sério)

DE BOBEIRA (à toa)

DE CAJU EM CAJU (esporadicamente)

DESMILINGUIDO (desajeitado)

ENCAFIFAR (intrigar-se, retrair-se)

ENCURTAR CONVERSA (resumir, finalizar)

FOI MAL (pedido de desculpa)

GRUDENTA (pessoa invasiva)

LENHADO (em mau estado)

LESEIRA (preguiça)

MALDAR (agir com malícia)

MALINAR (traquinar)

MELAR (“sujar a barra”, dar errado)

MOFINO (covarde)

NA LEVADA (na onda ou nos modos de um grupo de pessoas, num determinado ritmo musical)

NA MORAL (“numa boa”, de boa vontade)

NEM TCHUM (sem dar importância)

OLHO GORDO ou GROSSO (inveja)

OXENTE (“puxa vida”, caramba!)

PEGAR O BOI (conseguir algo com facilidade)

PICUINHA (coisa sem importância, intriga)

PONGAR (“ir de carona”)

PORRETA (legal, bacana, ótimo)

QUENTURA (calor)

REI DA COCADA PRETA (“metido a besta”, pessoa que a si se dá muita importância)

ROMPER O ANO (ir comemorar o réveillon)

SE LIGUE (preste atenção!)

TIRAR O CORPO (“sair de fininho”, escapulir, “dar o fora”)

TOMAR TENÊNCIA (“tomar jeito”, definir-se adotando atitudes)

TOPETE (ousadia, coragem)

TREITEIRO (dissimulado, malandro)

UMBORA (vamos!)

UZEIRO E VEZEIRO (acostumado)

VAGAL (vagabundo)

VARAPAU (pessoa alta e magra)

VIXE MARIA (virgem maria!)

ZUADA (barulho)

Na moral, se você for, já foi e algum dia voltar à Bahia, para estar ou não de bobeira lá e sua estadia ser porreta, oxente, se ligue no baianês!

 

Conselhos para revisar nossas traduções

Acredita-se que os tradutores podem revisar seus próprios textos. No entanto, isto frequentemente não é tão simples, uma vez que todos nos tornamos “cegos” aos nossos próprios erros. Não importa quantas vezes lemos um texto, muitos erros podem passar inadvertidos.

Qual a melhor maneira de revisar nossos textos?

Que seja você ou outra pessoa o revisor final, sempre deve certificar-se de que sua tradução esteja livre de erros. A seguir, lhe daremos alguns conselhos que o ajudarão a revisar o seu próprio trabalho.

Dê-se um descanso

A primeira regra para revisar sua própria tradução é dar-se um descanso antes de fazê-la. Rever uma tradução tão logo tenha terminado de realizá-la aumentará o risco de passar por alto algum erro. Deve deixar de lado o texto por um determinado tempo e retomá-lo com a mente relaxada.

Formato diferente

Ler a tradução em um formato diferente lhe ajudará a detectar erros que não divisa na tela do computador.  Imprimir, portanto, uma cópia e revisar com uma caneta ou lápis pode ser uma excelente opção. Mas, se preferir não passar o documento a um formato físico, mudar o tamanho, a cor ou, mesmo, a própria fonte tipográfica também pode ajudar bastante.

Não dê crédito total aos corretores ortográficos

Os corretores de ortografia detectam os erros para os quais estão programados, mas não ressaltarão as palavras que tenha utilizado erroneamente por acidente. Por exemplo, “para” converter-se facilmente em “par”, ou ao digitar rápido pode escrever “fala” em lugar de “falar”.

Localizar e substituir

A função para localizar e substituir pode ser uma ferramenta eficaz para encontrar uma variedade de erros. Os tradutores cometem frequentemente os mesmos erros repetidamente, ou ao final de uma tradução podem dar-se conta de que escolheram um termo incorreto. Utilizar o recurso “localizar e substituir” é uma ótima maneira de encontrar seus erros mais comuns e checar se há espaços duplos ou mudar rapidamente certos termos.

Leitor eletrônico de texto

Usar um leitor eletrônico que leia em voz alta o conteúdo que está em uma janela de trabalho em seu computador também é uma excelente opção. Alguns erros que tenha deixado passar por alto podem tronar-se evidente quando escute o texto com uma ferramenta como essa.

Aponte as palavras

Caso decida imprimir seu trabalho e revisá-lo em uma folha de papel, aponte simplesmente as palavras com um lápis e terá uma maior concentração para identificar os erros.

Associe-se com outro tradutor

Associe-se com um colega para que reveja seus documentos é a maneira mais apropriada para que proporcione uma tradução de alta qualidade. Podem chegar a um trato que beneficie a ambos profissionais se revezando no trabalho de traduzir e revisar os documentos.

Saliente os erros nos textos de origem

Como tradutor, poderá identificar facilmente os erros no texto de origem. Tire proveito de seu conhecimento e informe ao seu cliente os erros que encontrar. Com essa medida, seu cliente poderá inclusive ser mais compreensivo, em caso de que, a despeito de seus esforços, passe por alto algum erro durante a tradução.

Nem todas as técnicas que mencionamos funcionam com todos os tradutores. A melhor maneira é provar alguns desses conselhos até que encontre o que mais se adapta ao seu modo de trabalhar. Revisar a sua tradução é parte essencial de seu trabalho. As dicas acima se convertem em bons recursos para que obtenha êxito em traduzir com risco diminuído de errar.

Influência africana no português brasileiro: uma fala mais aberta e com mais curvas

Influência africana no português brasileiro

Portugal, ao lado de Espanha, foi um dos vetores da expansão do Ocidente até as Américas, sob o auspício das Grandes Navegações. Conquistando territórios e forjando mercados, esse país ibérico foi um dos propulsores do mercantilismo. O sistema, por necessidade abrupta e em grande escala de mão de obra, deu ensejo ao tráfico de gente da África para sustentar aquela etapa histórica, subjugando seres humanos mediante a escravidão.

Mesmo antes de efetivar a colonização do Brasil, por esse destino histórico que levou Portugal ao tráfico de seres humanos, no idioma do então reino europeu já se fazia sentir as marcas africanas no vocabulário. Na Colônia brasileira, para além da incorporação lexical, a língua portuguesa se remodelou em relação à da Metrópole. Isto se deveu à força cultural das etnias africanas na constituição da nação. Enquanto em Portugal a fala se caracterizava pelo timbre mais fechado e uma pronúncia com mais arestas, no Brasil se plasmou “mais aberta e com mais curvas” graças ao componente africano, segundo bem afirmam e comprovam Julia T. Yoshino, Luciana Soga, Marília Reis e Raquel Nakasche: em artigo de 1º. de agosto de 2009 na Revista Digital Entretextos, editada pela USP).

Esse componente do português brasileiro impregnou-se em imensa parte do país, marcadamente a partir do litoral do Nordeste nos primórdios da colonização, dando feição própria ao idioma em virtude de uma oralidade distinta. Vogais predominantemente pronunciadas de modo aberto, cadenciadas pela intercalação de algumas poucas fechadas e muitas nasalizadas, apimentaram a língua, dando-lhe a malemolência que a faz soar com uma musicalidade característica. A linguagem popular nos faz divisar na língua uma coreografia em curvas dos passos de um samba, frevo ou baião, para citar três das formas do cancioneiro brasileiro impregnado de “africanês”.

A incorporação não apenas do léxico, como fortemente das tonalidades e acentos ou sotaques africanos, deu-se porque os escravos, ao usar o português como segundo idioma, desde cedo o faziam imprimindo seus hábitos linguísticos, morfológicos e prosódicos. Isto se intensificou, sobretudo, porque, após a abolição da escravatura, a descendência africana passou a constituir importante segmento da população brasileira. A cultura dos oprimidos, seja na agricultura, na culinária, nos mitos populares, na religiosidade, na musicalidade, na forma de designar ou denominar e metaforizar a realidade, assumiu proporções definitivas na composição da identidade nacional.

Exemplificando, quanto ao léxico, quão indistinguível seria o português do Brasil, se não houvesse dourado nele essas conhecidíssimas pílulas africanas trazidas nos navios negreiros:

bagunça, bafafá, fuzuê e muvuca: confusão
moleque: garoto travesso
dengo, cafuné: carinho na cabeleira
fubá: pó extraído do milho para feitura de mingaus e do cuscuz
quitanda: lugar onde se vende frutas, legumes e verduras
batucada: música feita exclusivamente com tambores
agogô, berimbau e zabumba: instrumentos musicais
afoxé e forró: expressões musicais
cachaça: aguardente
fuxico: boataria
caçula: o filho ou irmão mais novo
gangorra: balanço muito usado pelas crianças
banguela: desdentado
gogó: lábia
bunda: nádegas
cafundó e beleléu: lugar longínquo ou desconhecido
lelé: maluco
canga: vestimenta muito usada pelas mulheres para cobrir o biquíni no trajeto de ida e volta da praia
tanga e sunga: vestimenta masculina e feminina para o banho de mar, rio ou piscina
cafofo: moradia improvisada ou cantinho querido onde se vive
caxumba: parotidite epidêmica
jiló: fruta amarga muita apreciada para o preparo de licores alcóolicos
cachimbo: utensílio usado para fumar
capanga: pessoa que atua no apoio a líderes de grupos criminosos
cambada: grupo
muquirana: sovina
babaca: besta ou idiota
lenga-lenga: conversa fiada ou lorota
candomblé, umbanda, orixá, iemanjá, axé, exu, erê, mandinga
e macumba: designações e entidades ou expressões da religiosidade popular
abadá: vestimenta usada em sacramentos e também em festividades populares como o Carnaval
acarajé, abará, jabá, moqueca, mocotó e bobó: comidas típicas
chimpanzé: espécie de macaco
carimbo: selo

Além do mais, imagine-se o quão irreconhecível seria o português brasileiro sem alguns dos recorrentes verbos africanos que cruzaram o Atlântico, tais como:

bagunçar, batucar, fuxicar e carimbar: veja os correspondentes substantivos acima
fungar: fazer ruído pelo nariz
cochilar:
dormitar
xingar:
insultar  
mangar: zombar

As Bibliotecas Nacionais Digitais do Brasil e Portugal

Dentre os principais portais para pesquisa e acesso a conteúdo sobre o idioma e culturas plasmadas em português estão os sites dos serviços das bibliotecas digitais nacionais do Brasil e de Portugal. Dedicam-se à circulação e preservação digital da memória a partir de áreas e temas relevantes.

A Biblioteca Nacional Digital do Brasil-BNDB, integrada à estrutura da Fundação Biblioteca Nacional, desborda a sua atuação através de projetos, base de dados para pesquisa, constituição de uma rede para aglutinar e promover acervos de valor reconhecido, e promoção de exposições.

Relativamente aos projetos, além do corporificado sob a denominação “Rede Memória Virtual Brasileira” que responde pela política digital em sua dimensão mais ampla, são disponibilizados pelo site do BNDB acesso a “200 Anos da Biblioteca Nacional”, “A França no Brasil”, “Projetos Literários” (‘Periódicos e Literatura’). “Guerra do Paraguai”, “Coleção Thereza Christina Maria” (‘Álbuns Fotográficos’), “Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira (‘Viagem Filosófica’), “Memória dos Presidentes da República”, “Brasil e Estados Unidos”, “Tráfico de Escravos no Brasil”, “Arquivo Mário Pedrosa”, e “Cartografia Histórica dos Séculos XVI ao XVIII”.

O projeto da Rede Memória Virtual Brasileira se divide em áreas como: Administração, Alteridades, Artes, Ciências, Costumes, Escravidão, Imprensa, Literatura, Política e Religião.

As Exposições em destaque, neste momento, no portal: “Medeiros e Albuquerque, João do Rio e Benjamim Costallat: Livros”, “O Centenário de Caio Prado Júnior”, e “Dom João VI”.

http://bndigital.bn.br/

A Biblioteca Digital de Portugal-BDP, por sua vez, integra a estrutura de sua Biblioteca Nacional. Como destaques do site da BDP, temos suas “Colecções Digitalizadas”, seus “Sítios Temáticos”, seu “Programa de Cultura Portuguesa”, e seu “Dicionário de Historiadores”.

Dentre essas seções, para se ter uma ideia do que pode ser encontrado, vale a pena saber a que se referem seus sites temáticos: “Os mais antigos jornais republicanos”, “Os ‘hinos nacionais’”, “Arte médica e Imagem do Corpo”, “Estrelas de papel: livros de astronomia dos séculos XIV a XVIII”, “Canonização de D. Nuno Álvares Pereira”, “Colecção José Saramago”, “A Voz do Chão: Miguel Torga”, “As mãos da escrita: 25 anos do Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea”, “António é o meu nome: Rómulo de Carvalho”, “O livro de dentro para fora”, “Eis Bocage…”, “António José da Silva: o Judeo”, “Ilustradores de Quixote na Biblioteca Nacional”, “Hans Christian Andersen”, “Os Portugueses e o Oriente 1840-1940”, “Maria Keil: ilustradora na Biblioteca Nacional”, “Antes das playstations: 200 anos do romance de aventuras em Portugal”, “Pedro Nunes”, “A rotação da memória: Vitorino Nemésio”, “Verdi em Portugal”, “A ciência do desenho”, “A cartografia do Brasil (1700-1822)”, “António Feliciano de Castilho”, “25 de Abril: da efemeridade à História”, “Eça de Queirós”, e “Almeida Garret”.


http://purl.pt/index/livro/PT/index.html

Apoio financeiro para traduções de obras de autores brasileiros

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, anunciou na abertura da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, o Programa de Apoio à Tradução e Publicação de Autores Brasileiros no Exterior. Até 2020, o governo promete investir R$ 12 milhões no programa para estimular a presença da literatura brasileira no mercado editorial internacional.

“Acho essencial que os livros sejam traduzidos para o inglês, o espanhol, línguas mais universais. Só assim vai se poder mundialmente reconhecer o valor da literatura brasileira”, destacou a ministra, dizendo que, em viagens ao exterior, principalmente à Europa, tem visto o “entusiasmo” com o Brasil e o interesse em conhecer melhor a cultura nacional. “A gente só está atendendo a uma demanda que já existe”.

O dinheiro será disponibilizado ano a ano em valores crescentes, sendo R$ 1 milhão este ano, R$ 1,1 milhão em 2012 e 2013, até se chegar a R$ 1,4 milhão em 2020, totalizando a quantia de R$ 12 milhões. A Fundação Biblioteca Nacional, vinculada ao Ministério da Cultura, vai conceder bolsas de US$ 2 mil a US$ 8 mil por obra. As reedições de obras já traduzidas há pelo menos três anos receberão entre US$ 500 e US$ 4 mil por obra selecionada.

As propostas serão analisadas no fim de cada trimestre e, a partir daí, o anúncio das obras selecionadas será feito em até 30 dias. Para o edital 2011/2012, as obras deverão ser publicadas até agosto de 2013.

Fonte: Terra

Um Manual para saber pontuar bem o discurso

De “Pequeno” no nome (assim intitulado em comparação com os rombudos manuais dedicados ao assunto), na verdade se converte, pela propriedade das exemplificações e conhecimentos oferecidos, em auxílio enorme para quem deseja saber como pontuar bem o discurso escrito. Nos referimos ao Pequeno Manual de Pontuação em Português, escrito por José Augusto Carvalho, cujos links para o seu conteúdo indicaremos aqui, segundo a sua disponibilização em nove partes, veiculadas na revista online Cronópios. É trabalho que revela desde as primeiras linhas a experiência ímpar e multifacetada do seu autor no universo da língua portuguesa.

O autor, mestre em linguística pela Universidade Estadual de Campinas e doutor em letras pela Universidade de São Paulo, lecionou durante quatro décadas na Universidade Federal do Espírito Santo. Além do magistério, e da autoria de livros paradidáticos e didáticos (Aprendendo a ler, Por uma política do ensino da língua, Do pensamento à palavra, dentre outros), escreveu romances (A ilha do vento sul Candaína), contos (Órfã de filhaO braço e o cutelo A fama e a cama) e crônicas (Entre a cruz e a caldeirinha Pedagogia da trapaça). Paralelamente, veio se dedicando ainda à tradução, a partir do francês, inglês e italiano.

Para ter acesso ao conteúdo do Manual, basta clicar em cada link a seguir:

– Parte I:   Palavras prévias e Introdução

http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=4971

– Parte II:  Gramáticos versus Escritores

http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=4979

– Parte III: O Ponto no texto e o Ponto nas abreviaturas

http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=4988

– Parte IV:  Vírgula

http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=4997

– Parte V:   Ponto e vírgula, Interrogação e Exclamação

http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=5012

– Parte VI:  Reticências, Parênteses e Travessão

http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=5016

– Parte VII: Barra oblíqua, Colchetes, Parênteses quebrados ou angulares

http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=5026

– Parte VIII: Chaves, Aspas simples e duplas, Pontuação intravocabular, Asterisco

http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=5037

– Parte IX:   Palavras finais

http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=5057

O Manual poderá ser adquirido em versão impressa editada pela Thesaurus.

 

Quem dá as cartas sobre o que a gente quer e pode com nossa Língua?

Quem, no Brasil, seria o legislador máximo sobre a nossa, inculta e bela, última flor do Lácio, ou quem deveria dar as cartas sobre o atual estágio de nossa modalidade de Latim em pó? A discussão volta à tona no país.

Em meados de maio, a Academia Brasileira de Letras-ABL, sem indicar exatamente a quais livros estaria se referindo, através de nota oficial ensejadora de polêmica que perdura na imprensa e demais meios de comunicação, emitiu alarme relativamente a obras didáticas, postas em ampla circulação pelo Ministério da Educação-MEC, que seriam detratoras do ‘padrão’ desejável para o ensino da língua.  A nota oficial da Academia foi divulgada em seu site dias após. Eis o seu conteúdo:

http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=11763&sid=727

O estopim da polêmica foi Por uma vida melhor, obra editada pela Global. Trata-se de livro escrito por vasta equipe pedagógica multidisciplinar, concebido para um programa de Educação de Jovens e Adultos-EJA. O programa tem como foco um público que não obteve acesso à escola durante os tenros anos da infância. A obra integra a coleção “Viver, Aprender” da mencionada editora. Sua concepção vem a ser uma das iniciativas promovidas pela ONG Ação Educativa em prol da educação como meio de inclusão social.  Com o intuito de distribuí-lo gratuitamente aos estudantes do EJA nas escolas públicas, o livro foi adquirido com fundos do Programa Nacional do Livro Didático-PNLD, um dos pilares de ação do governo federal dentro da estrutura do Ministério da Educação.

Capa do livro adotado pelo Ministério da Educação e desaprovado pela Academia de Letras

A polêmica foi instaurada a partir do conteúdo de seu primeiro capítulo, intitulado “Escrever é diferente de falar”.

A partir do alarme acionado pela Academia de Letras, alguns viram nas afirmações e exemplos oferecidos nesse capítulo uma incitação a atentados contra o idioma. Os postulados linguísticos e as ilustrações de usos se baseariam em uma visão que preconizaria a expressão de um  –  como diz Roberto Carlos, na canção Detalhes, valorizando seus erros – “português ruim”.

“…Eu sei que um outro
Deve estar falando
Ao seu ouvido
Palavras de amor
Como eu falei
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha
Tanto amor
E até os erros
Do meu português ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim…”

Discussão que sempre volta à baila, é por demais instigante conhecer a presente a fundo, para tentarmos, quem sabe desta vez, aguçar a consciência sobre preconceito linguístico, variantes linguísticas, padrão culto, dentre outros tópicos que importam a todos que nos dedicamos à língua portuguesa. Acompanhe no portal do Ministério da Educação, a partir de seleção que justificaria a decisão governamental da adoção de tal obra para o EJA, um status da polêmica por ordem das repercussões mais recentes. Dela já participaram, além do professor Ataliba de Castilho (que está também no vídeo, abaixo), outros nomes que lançam luz sobre o tema, como Dante Lucchesi, Sírio Possenti, José Miguel Wisnik e Carlos Alberto Faraco:

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16649

Outro espaço que vem fazendo excelente acompanhamento da questão, e tomando partido pela visão defendida no livro, é o blog de Luisandro Mendes:

http://luisandromendes.wordpress.com/tag/mec/

E, por fim…

...
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas

Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda

Adoro nomes

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?


A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
– Será que ele está no Pão de Açúcar?
– Tá craude brô
– Você e tu
– Lhe amo
– Qué queu te faço, nego?
– Bote ligeiro!
– Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
– Ó Tavinho, põe a camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
– I like to spend some time in Mozambique
– Arigatô, arigatô!
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem

[Caetano Veloso, canção ‘ Língua’, dos álbuns Velô, de 1984, e Noites do Norte ao Vivo, de 2001]

 

Debate em Lisboa sobre as línguas portuguesa e espanhola diante da economia

Académicos, gestores, agentes culturais e jornalistas vão debater em 19 de maio, na sede do Instituto Camões, em Lisboa, as ligações entre línguas e economia, num fórum promovido conjuntamente pelo Instituto Camões (IC), Instituto Cervantes, de Espanha, e Casa da América Latina,  com o apoio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, da Secretaria-geral Ibero-Americana e da União Latina.

O fórum, que ocorrerá entre as 9:30 e as 18:00, será encerrado por Ana Paula Laborinho, Presidente do Instituto Camões, e por Carmen Pérez-Fragero, Secretária-geral do Instituto Cervantes, que falarão da promoção conjunta das línguas portuguesa e espanhola.

A Presidente do IC e o Diretor do Instituto Cervantes de Lisboa, José María Martín Valenzuela, farão as intervenções de abertura do seminário, tal como o Secretário-geral da Casa da América Latina, Alberto Laplaine Guimarães.

De acordo com os organizadores, o fórum tem «o objetivo de lançar o debate sobre o valor da língua portuguesa e da língua espanhola, considerando as suas estratégias de internacionalização e de cooperação no sentido da afirmação do espaço ibero-americano e demais territórios das duas línguas no mundo». «As dimensões em análise serão o investimento e o comércio externo, as indústrias da língua, da cultura e da comunicação», acrescentam.

No seminário, os participantes poderão ouvir responsáveis pelas equipas que, em Portugal e Espanha, fizeram estudos sobre o valor económico do português e do espanhol.

Luís Reto, reitor do ISCTE-IUL, dirigiu a equipa de investigadores do seu instituto que apresentou em 2008 o estudo relativo a Portugal, encomendado pelo IC em 2007, e que revelou representar a língua portuguesa 17% do PIB nacional.

Do lado espanhol estará presente o economista José Luís Garcia Delgado, catedrático da Universidade Complutense, que juntamente com os professores José Antonio Alonso e Juan Carlos Jiménez publicou um estudo sobre a importância económica do espanhol, na sequência de investigações realizadas desde 2005.

A primeira sessão do seminário, sobre ‘línguas, comércio externo e investimento estrangeiro’ terá como moderador Adriano Moreira e compreenderá dois painéis, o 1º sobre perspetivas institucionais, com representantes do ICEX espanhol e da AICEP portuguesa, e o 2º sobre perspetivas empresariais, com representantes da GALP, Repsol, Santander e BES.

À tarde, depois da sessão sobre o ‘valor económico das línguas portuguesa e espanhola’, que terá moderação de Maria de Lurdes Rodrigues, Presidente da FLAD, seguir-se-á a sessão relativa a ‘línguas, cultura e comunicação’, moderada pelo deputado José Ribeiro e Castro, Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas da Assembleia da República.

O 1º painel desta sessão, sobre ‘economia da cultura’, contará com a participação de José Pedro Ribeiro, Diretor do ICA (Portugal) e Benito Burgos, assessor técnico do Diretor do ICAA, Instituto de Cinematografia de Espanha. O 2º painel, sobre ‘informação e cultura’, terá como oradores Manuel Lucena Giraldo, do CSIC (Consejo Superior de Investigaciones Científicas, a maior instituição pública espanhola dedicada à investigação) e membro do Conselho do ABC Cultural, e José Carlos Vasconcelos, Diretor do Jornal de Letras.

Durante os trabalhos estará patente ao público, uma exposição bibliográfica de obras sobre a língua portuguesa e língua espanhola.

Programa Completo

Tudo vale a pena quando a alma não se apequena

Encontra-se disponibilizado no Portcom, Portal de Livre Acesso à Produção das Ciências de Comunicação, um estudo, da autoria de Luíza Beatriz Amorim Melo Alvim, mestre em Letras pela Universidade Federal Fluminense, do Rio de Janeiro, publicado originalmente no Anuário Internacional de Comunicação Lusófona 2006, e intitulado “Reafirmação da identidade e da cultura portuguesas em Manoel de Oliveira e José Saramago”.

O estudo desenvolve uma análise de dois filmes de Manoel de Oliveira, “Um filme falado” (2003) e “O Quinto Império – Ontem como Hoje” (2004), e ainda do livro “A jangada de pedra”, de Saramago, buscando, no entrecruzamento dessas obras, os rastros dos anseios de grandeza de Luís de Camões e Fernando Pessoa em relação ao idioma e ao Estado portugueses.

No resumo de seu texto, a autora começa chamando a atenção para o estatuto ainda “minoritário” do idioma no mundo, a despeito de ser uma das 10 línguas mais faladas na atualidade. Para sumular sua exposição, segue desfiando:

Porém o atual Estado português não se equipara ao seu passado de império ultramar. Revendo essa situação, o cineasta Manoel de Oliveira  e o escritor José Saramago costumam tematizar em suas obras a dificuldade de lidar com o esse estatuto minoritário e buscam defender a dignidade portuguesa. Dois temas estão marcadamente presentes nas suas obras: a valorização da identidade e da língua portuguesa e a viagem como forma de sua reafirmação, seja refazendo caminhos de antigos exploradores portugueses dos séculos XV e XVI ou revisitando momentos importantes da história de Portugal.

Encontra-se disponibilizado no Portcom, Portal de Livre Acesso à Produção das Ciências de Comunicação, um estudo, da autoria de Luíza Beatriz Amorim Melo Alvim, mestre em Letras pela Universidade Federal Fluminense, do Rio de Janeiro, publicado originalmente no Anuário Internacional de Comunicação Lusófona 2006, e intitulado “Reafirmação da identidade e da cultura portuguesas em Manoel de Oliveira e José Saramago”.

O estudo desenvolve uma análise de dois filmes de Manoel de Oliveira, “Um filme falado” (2003) e “O Quinto Império – Ontem como Hoje” (2004), e ainda do livro “A jangada de pedra”, de Saramago, buscando, no entrecruzamento dessas obras, os rastros dos anseios de grandeza de Luís de Camões e Fernando Pessoa em relação ao idioma e ao Estado portugueses.

No resumo de seu texto, a autora começa chamando a atenção para o estatuto ainda “minoritário” do idioma no mundo, a despeito de ser uma das 10 línguas mais faladas na atualidade. Para sumular sua exposição, segue desfiando:

Porém o atual Estado português não se equipara ao seu passado de império ultramar. Revendo essa situação, o cineasta Manoel de Oliveirae o escritor José Saramago costumam tematizar em suas obras a dificuldade de lidar com o esse estatuto minoritário e buscam defender a dignidade portuguesa. Dois temas estão marcadamente presentes nas suas obras: a valorização da identidade e da língua portuguesa e a viagem como forma de sua reafirmação, seja refazendo caminhos de antigos exploradores portugueses dos séculos XV e XVI ou revisitando momentos importantes da história de Portugal.

O texto pode ser obtido neste link:

http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/anuariolusofono/article/viewFile/1215/960

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